Desembargador Luis Renato Pedroso 

Legenda

DESEMBARGADOR LUIS RENATO PEDROSO 

Por desembargador Robson Marques Cury (Parte 2)  

Dando continuidade à história do desembargador Luis Renato Pedroso, iniciada na última semana, seguirei com as homenagens prestadas pelos seus amigos e biografias eivadas de valioso cunho cultural e histórico.   

A do Raymundo Negrão Torres, o paraense que se tornou paranaense. Chegou a oficial general, mas na vida civil gosta de ser chamado de escritor. Escreveu: “Um General de Pijamas”, “Meninos Eu também Vi”, “Paraná Encruzilhada de Caminhos”. Atuante vice-presidente no Centro de Letras do Paraná, brindou em 2003 com uma palestra abordando a temática “A Universidade do Mate”, no ciclo de comemorações aos 150 anos da emancipação política do Paraná. 

A do Harley Clóvis Stocchero, o poeta de Tamandaré nascido na Vila de Tamandaré, hoje cidade e município de Almirante Tamandaré. Tem oito livros publicados e uma vasta listas de diplomas e condecorações. É um imortal da Academia Paranaense de Letras. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras do Rio Grande do Sul com sede em Pelotas. Consta da sua bibliografia as obras “Ermida Pobre”, “Os Dois Mundos”, “O Pouso dos Guaraipos”, “Recordações de Clevelândia”, “Andanças na Terra Tingui”, “Seleções Poéticas” e “Novas Cantigas”. No soneto “Tempos Antigos”, exalta a sua terra com evocação de Al Aaraf: “O tempo tudo apaga. Só permanecem, às vezes, os doces acervos da memória”. Em “Poema para Minha Mãe”, revela a sua sensibilidade e sentimentalismo, invocando Mário Quintana: “Mãe ... São três letras apenas / As desse nome bendito / Também o céu tem três letras ... / E nelas cabe o infinito”. 

A do Francisco Cunha Pereira Filho, professor universitário, advogado extraordinário no Tribunal do Júri. Depois jornalista, pontificou como diretor da Gazeta do Povo e a direção da TV Paranaense, o conhecido “Canal 12”. Idealizou a Campanha Nacional de Educandários Gratuitos e, no Paraná, a primeira unidade foi denominada “Ginásio João Cândido”, em homenagem ao seu avô materno, que chegara à Presidência do estado. Despertou o sentimento paranista ao ajudar a fundar o “Movimento Pró-Paraná”, Ente de Integração e Relações Institucionais do Paraná. Seu pai foi o centenário desembargador Francisco da Cunha Pereira, primeiro juiz de menores da capital, e presidente do Tribunal Regional Eleitoral. 

A do José Wanderlei Resende, o Poeta de Cambará, imortal da Academia Paranaense de Letras e destacado membro do Centro de Letras do Paraná. Desembargador, foi vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Dentre suas obras, destacam-se: “Folhas Caídas”, “Caminhos”, “Grito Mudo” e “Alma Nua”. Túlio Vargas assim comentou: “Alma Nua é sua mais recente contribuição à literatura paranaense, onde ressalta a espontaneidade dos sentimentos mais nobres e refinada inspiração, revelando acuidade na observação dos fatos do quotidiano e profundeza em suas reflexões”.   

A do Arnaldo Setti, de Jacarezinho, jurista, escritor, poeta e prosador. Autor do livro de minicontos: “A Pequena Orquestra”, que o prefaciador José Eduardo Degrazia define como “um híbrido de conto e poesia”, tecendo merecidas loas ao autor, em quem se encontra “o lirismo das pessoas que vivem em natureza, no sertão e na cidade...”. É o grande maestro de “A Pequena Orquestra”, enquanto “Somos todos músicos dessa orquestra”, na feliz expressão do ilustrado prefaciador. 

A do Leônidas Boutin, emérito professor universitário, licenciado em História e Geografia, também bacharel em Direito. Autor do opúsculo “Histórias Paranaenses”, recheado de passagens pitorescas. 

A do Horácio Ferreira Portella, carioca de nascimento, mas radicado em Piraquara. Sonetos são a sua marca registrada, reunidos em variados livros: “Caleidoscópio Poético”, “Conversejando” e “Alvorada Poética”. No livro “Delírios da Lira”, marcante o soneto “Sinais”, é reflexo dos tempos atuais. E o acróstico “Jesus Cristo”, reflete e traduz a grande espiritualidade do autor. 

A da dedicada professora Neusa Ribeiro Carta, esposa do violinista Osmar Carta que tocava nas feirinhas de domingo na Igreja do Rosário e sogra de magistrado. Lançou o livro de poesia “No Compasso de uma Vida.” 

A do Assad Amadeu Yassim, frequentador aos sábados pela manhã na minha casa da rua Perus, para as tertúlias literárias e jurídicas, passando horas e horas de enlevo, deleite e encanto intelectual. Escreveu livros didáticos como “Embargos de Devedor” e “Ação de Consignação em Pagamento”, afora a coluna “Direito & Avesso” no jornal Estado do Paraná. Do poeta: “Pó do Deserto”, “Terra Abandonada”, “Miragem”, “O Livro de Nós Dois”, e “Lua Branca de Setembro”. O manuscrito do último livro “Ode para Curitiba”, localizado pela filha Carla Yassim, foi editado em 2019 pela Bonijuris, na Coleção Helena Kolody. O desembargador Pedroso, surpreendido pela precoce e inesperada partida do querido amigo, diz: “Este é Assad Amadeo, hoje cantado, ternamente, nos braços do Senhor, cercado de anjos, arcanjos e querubins...” 

A do Odebal Bond Carneiro, colega no antigo Liceu Rio Branco, cujo nome é formado pelas primeiras sílabas do nome de sua mãe Odette (Ode) e a última do seu pai Anníbal (bal) Borges Carneiro. Escreveu “O Desenvolvimento Econômico e Social do Paraná”, dado à lume pelo Conselho Nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). 

A da Tereza Teixeira de Brito, licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica (Puc), que escreveu “Márcia e Teatro na Escola”, e deu à lume “Cury Tuba e a Epopéia de Balthazar”, Curitiba que significa: Pinheiral (lugar onde há muitos pinheiros), dedicado aos descendentes de Balthazar Carrasco dos Reis, cujo corpo descansa na catedral basílica. A autora justifica “cada pessoa tem 256 octavós. Quantos octanetos terá o povoado Balthazar Carrasco dos Reis? Não será você um deles?” 

A do João Chede, natural de Palmeira, filho de Chede Abrahão e de Rosa Curi Abrahão, nascidos no Líbano. Destacado deputado, casou-se com Nela Menghini Chede e são pais de Jonel. Dele se diz ser “Fidalgo sem Brasões”. 

A da Dária Farion, nascida em Fluviópolis nas cercanias de São Mateus do Sul. Professora formada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFPR. Sensível poetisa, produziu em 1994 Vida Néctar e Veneno e em 1998 Foco de Visão. Em 2003, Verbos e Versos. 

A do Paulo Roberto Prestes, filho de Darcy Marcondes Prestes, servindo na antiga Chefatura de Polícia, compondo prosa e verso, inclusive preces religiosas. Paulo Roberto produziu “Páginas da Vida” em sonetos. Assíduo frequentador do Centro de Letras do Paraná e da Academia Paranaense de Poesia. 

A do Nelson Saldanha D’Oliveira, que dirigiu a Academia de Letras José de Alencar, em reuniões periódicas no Centro de Letras do Paraná, ali na chamada “rua do rio”, a exemplo da Academia Paranaense de Letras e Academia Paranaense de Poesia. Legou-nos as obras literárias: “Cidade de Curitiba”, “Prelúdio de Ideias e de Palavras”, “Mini viere Christus est”, “Lysimaco F. da Costa – Homem de Ciência, Mestre Erudito”, “Quatro Figuras Ilustres”, “Páginas de Seis Vidas”, “Dr. Vasco José Taborda Ribas – O Embaixador da Cultura Paranista”. 

A do Rubens Nogueira, o paulista que já é paranaense, deu à lume ao opúsculo “Os Anos Seguintes”, com a reflexão de Ricardo Bach, que, somado ao recém-lançado “Muitos Anos Depois”, constituem sem dúvida alguma, “História de uma Vida”. 

A do Aníbal Khury, um dos maiores políticos que o Paraná já teve. Ambos frequentávamos a sede da antiga União Democrática Nacional, entre a rua Barão do Rio Branco e a Monsenhor Celso, à época em que era governador o também saudoso Bento Munhoz da Rocha Neto. A ele devo a indicação para chefiar o gabinete do pranteado dr. José de Freitas Saldanha, nomeado diretor do Departamento de Geografia, Terras e Colonização, de onde sairia para ingressar na carreira da magistratura, que jamais abandonei. Escrevi, em um jornal local, um artigo sob o título “Leis que transformaram o Paraná”. Nele relembrei, com base em opúsculo dado à lume pela Assembleia Legislativa, nada menos que nove leis produzidas em função dos projetos apresentados pelo ilustre deputado, a saber: Lei de Incentivos Industriais, Lei Florestal, Lei de Regionalização da Reforma Agrária, Lei de Consórcios Intermunicipais, Lei das Populações Rurais, Lei das Barreiras Fiscais, Lei do Dia do Rio, Lei de Defesa Sanitária Vegetal e Lei de Vacinação Infantil, assinalando que “não saberia, em sã consciência, apontar a mais importante”. 

A da Leonilda Yvonneti Spina, minha aluna na turma da Faculdade de Direito de Londrina, que tive a honra de paraninfar. Sua verve poética iniciou com “Folhas de Outono”. Foi jornalista e radialista. Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina. Também deu à lume “Girassóis”, assim saudada por Helena Kolody: “Na beleza dos versos você sabe doar-se em palavras, sugerir sóbrias lições de vida”. Se pudesse enfatizar alguns, não olvidaria, por exemplo, “Mea Culpa”, “Verdadeira hosana ao Criador” e “Retrato”, elegia ao seu grande amor, o advogado Walter Motta Campos, que conheci e admirei. Em “Ninho de Amor”, louva e enaltece o amor conjugal, fonte de inesgotável inspiração. A formação religiosa da autora, constata-se, especialmente em “Igreja de Santa Terezinha”, “Cruz de Pedra”, “Ser Mãe”, “Divino Dom”, “Oração no Vale”, “Oração”, “Nossa Senhora da Esperança, Sagrado Coração de Jesus” e “Oferenda”. 

A do Francisco de Paula Soares Neto, coronel, médico e líder político, pai do médico Luís Felipe Paula Soares. Biografado no livro “Ser e Fazer”, de autoria de Maria Luíza Gonçalves Baracho, pesquisadora da Fundação Cultural de Curitiba. Convivi com ele, quando militava na União Democrática Nacional, partido político que se organizara em torno da candidatura do insigne brigadeiro Eduardo Gomes à Presidência da República. Deputado Federal. Participou na campanha presidencial de Rui Barbosa, como signatário do manifesto estudantil. E nas revoluções de 1930 e 1932. Secretário estadual da fazenda, presidente do Banco do Estado do Paraná. Presidente do Instituto Brasileiro do Café. 

A do José Bittencourt de Andrade, paranaense de Rio Branco do Sul. Engenheiro e professor. A verve poética surgira em 1958 quando colaborava com o “Diário da Tarde”, criando magníficos sonetos como “Teu Nome”. O primeiro livro tinha o sugestivo título de “P & P – Poesias e Prosas”. Na poética “O Velho e o Menino – A Prece”, assim encerra quando um senhor é questionado por um menino ao fitar o firmamento. “Estou agradecendo, só agradecendo. Agradeço pelo que vejo, ouço e sinto. Agradeço porque o grão de terra que posso tocar é tão importante quando aquela estrela tão linda. Agradeço porque a roupa que me agasalha e o alimento que me dá energia vem da natureza, do meu trabalho e do trabalho dos meus irmãos”. 

A da Maria Christina de Andrade Vieira, originária de uma família que ajudou a construir o Paraná, desde a pioneira Tomazina, com o seu pai Avelino Vieira, que nos legou o Bamerindus. Ocupou com raro brilho e descortino, a Presidência da vetusta Associação Comercial do Paraná. Editou “Conversa Nua”, que é diário, confissão, pequenas crônicas, impressionistas e poematizadas. Sombras: “Por aqui andei, desesperada, incontida, noites adentro, penetrei. Delírios fragmentados expelindo energias, mergulhando origens. Estranhas noites essas – velaram minha sombra. Por aqui, andei. Perambulando. Empoleirada em cercas, devassando madrugadas, o firmamento a desabar. Por aqui andei, tateando a estrada. Ainda não encontrei”. Escreveu outros livros: “Dito e Feito”, “Herança”, “Cotidiano e Ética”, “E agora, depois”, “Cidade Estranha”. Também idealizou o Natal no Palácio Avenida. 

A da Idalina Bueno de Magalhães, cronista da tricentenária Castro. Colaboradora do jornal “Página Um”, que circula na região dos Campos Gerais. Autora de dois opúsculos e cinco livros, lançou, com grande sucesso, “Crônicas de Ontem e de Hoje”. Ela homenageia emblemáticas figuras como o médico e sacerdote Mário Braga de Abreu, o escritor Dalton Trevisan, a poetisa Vera Vargas, a excepcional Rosy Pinheiro Lima, o maestro Bento Mossurunga e o político literato José Pedro Novaes Rosas. Magnífico o soneto dedicado a Castro. 

A do Ruy Miranda, o cientista religioso. Dermatologista, professor da Puc-PR e UFPR, além de ser um imortal da Academia Paranaense de Letras. Legou à medicina dezenas de contribuições sobre pesquisas do Mal de Hansen. Publicou 15 livros, 200 trabalhos científicos e 43 relatórios. Dominicalmente mantinha uma coluna na Gazeta do Povo. Além de exaltar as qualificações científicas do professor Ruy Miranda, cabe exaltar o seu espírito religioso, frequentador assíduo da Igreja do Senhor Bom Jesus do Cabral, tendo publicado: Valores da Oração, Considerações sobre a Vida, Reencontro na Eternidade, Por que Morremos, Divinum Opus Est e Maternidade. 

A do Apollo Taborda França, acadêmico que fez ressurgir, a “Soberana Ordem do Sapo”, fundada em 1977 por Vasco Taborda Ribas, inspirada no periódico com a denominação “O Sapo”, criado por um grupo de intelectuais em 1898. A confraria do Sapo foi objeto de sensível poema de Harley Clovis Stocchero, saudando o Reino da Saparia e os Barões e Baronesas da Ordem do Sapo que simbolizam Paz e Amor. 

A do Astrogildo de Freitas, palmeirense de destaque, acadêmico que viveu cento e três anos de proveitosa existência. Antigo Diretor-Geral dos Correios e Telégrafos do Paraná e professor da Universidade Federal do Paraná. Publicou apreciadas obras, como: “Telegramas Urbanos e Interurbanos, Correios e Telégrafos na Palmeira, Palmeira – Reminiscências e Tradições, Memórias de um Decentista e Viagens e Episódios de Viagens”. 

A da Roza de Oliveira, a “Roza da Poesia”. Fluminense por nascimento, mas criada em Paranavaí. Professora primária, cursou Letras, chegou ao mestrado em Literatura Brasileira. Sempre acompanhada do seu dileto marido, o exímio pianista Júlio Gomez. Dirigiu a antiga “Sala do Poeta do Paraná”, hoje a renomada “Academia Paranaense da Poesia”. Tem vasta produção literária: “Caracolando”, “Paródias Musicais, Poemas e Trovas para Celebrações Escolares”, “Poemas de Amor” e “Pílulas Revestidas de Trovas de Amor e Humor”, entre outras. Talvez, sua grande obra seja o notável estudo sobre Tasso da Silveira, saudado pelo acadêmico Túlio Vargas. Lindo o seu soneto “Sonho de Natal”. 

A do Nelson de Lucca, professor de engenharia. Ministrou cursos sobre a matemática, a engenharia, com seguras incursões na aeronáutica, como chegou a aperfeiçoar seus conhecimentos didáticos, mercê de bolsas de estudos, até no exterior. Pronunciou no Centro de Letras do Paraná em 1995, a convite de Ivo Azua Pereira, a palestra sobre a vida e a obra de Santo Agostinho, quando, então, culminou: “Esquadrinhei a vida e a obra desse ‘Poeta da Verdade’, dono de um estilo que é ‘a harmonia total da forma e do conteúdo’, segundo o papa Paulo VI, desse incansável ‘Defensor da Fé, contra toda espécie de desvios, desse sumo doutor da Igreja Latina’, desse ‘mestre da oração’ que foi (e também, que é, porque vive nas suas obras) Aurelius Augustinus, o afável e inolvidável Bispo de Hipona”. 

A do Altino Portugal Soares Pereira, professor de Direito Civil na Faculdade de Direito que foi federalizada em 1950, ano da minha formatura. Sucedeu o saudoso professor Vieira de Alencar. Foi eleito paraninfo da turma integrada também por René Ariel Dotti e por Leonilda Bodizinski, que coordenava as comemorações anuais de formatura. A sua principal obra jurídica, Promessa de Compra e Venda de Imóveis, uma das primeiras no gênero, marcou a época. 

A da Rachel Costa da Rocha Loures, “A Doce e Venerável Dama”. Viúva do desembargador João Alves da Rocha Loures, biografado no livro “A História do Poder Judiciário Paranaense”, volume 1, página 144, Vitória Gráfica & Editora, CURY, Robson Marques. Nascida em 07/05/1909, dona Rachel é filha do almirante Didio Iratym Affonso da Costa, da Marinha de Guerra do Brasil, renomado intelectual que se destacara como escritor e historiador e de Olívia Faria Affonso da Costa, descendente direta de Joaquim de Almeida Faria Sobrinho, mais conhecido como Presidente Faria, duas vezes presidente da Província do Paraná ao tempo do império. Deu à luz a nove filhos, possuindo trinta netos e quarenta e cinco bisnetos, totalizando oitenta e quatro descendentes diretos. 

O desembargador Luiz Renato Pedroso, nessa sua magnífica obra “Um Pouco de Mim”, recheada de relevantes dados históricos, lembra da epopeia no final dos anos trinta, quando estudava em regime de internato no Liceu Rio Branco em Curitiba, para visitar a família em Foz do Iguaçu: “A viagem durava oito dias, ora de trem, pela Sorocobana, passando por Ourinhos até Presidente Epitácio, ora navegando o Rio Paraná até Guaíra e, depois, por trem, desviando os Saltos das Sete Quedas, para tomar o vapor argentino, de Porto Mendes a Foz do Iguaçu”. 

E conta do clube do coração:   

Quando vim para Curitiba estudar no Grupo anexo onde hoje se localiza o Instituto da Educação, ali na Emiliano Perneta, preparando-me para ingressar no Liceu Rio Branco, uma agremiação futebolística chamava a atenção. 

Era o Clube Atlético Ferroviário, que fora campeão em 1937, repetindo o feito no ano seguinte, justamente o da minha chegada. 

Recordo-me, perfeitamente, do consagrado time, assim constituído: “Luís, Zeca e Alfreu; Baiano, Ferreira e Janguinho; Bananeiro, Ari Carneiro, Emédio, Pivo e Rubens”. 

Com que emoção assistia aos jogos do meu querido Ferroviário, quase sempre na “Vila Capanema” e que tantas glórias conquistou, a exemplo do campeonato do “Centenário do Paraná”, 1953, quando brilharam, sobremodo, “Robertinho, Tico e Marcelino; Nelsinho, Toca Fundo e Alceu; Maurílio, Isaúldo, Juarez, Afinho e Alceu”. 

O tempo foi passando e, ingressando na magistratura, desloquei-me para o interior do estado sempre acompanhando o “Clube do Coração”. 

Lembro-me que, juiz de Direito em Astorga, divisa com Jaguapitã, onde judicava Adolpho Kruger Pereira, o ”Afinho”, com ele me encontrava, seguidamente, relembrando as suas glórias e de nosso “Ferroviário”. 

Mais tarde, o Ferroviário fundiu-se com o Britânia e o Palestra Itália, originando o Colorado. 

O fato não diminuiu a minha paixão, que só cresceu, ainda com a união “Colorado – Pinheiro”, que resultou no Paraná Clube Brasil, campeão em 1991, pentacampeão de 93 a 97 e campeão brasileiro em 1992, no torneio classificatório nacional. 

Quantas emoções vivi. Dos antigos ídolos, privei da amizade, por exemplo, do vigoroso zagueiro Zeca, que participava do Centro de Letras do Paraná, que presido, do Emédio, centroavante rompedor, oficial de justiça de saudosa memória, do Brando, eficiente e técnico Lateral, também oficial de justiça, que me obsequiou com sua camisa quando parou de jogar. Vez por outra encontro com o filho de Ari Carneiro, que foi meu aluno na FESP e com ele rememoro as jogadas magistrais do grande meia-direita. 

Confio na recuperação do nosso clube no campeonato nacional, pois um clube de tão gloriosas tradições merece figurar na elite futebolística brasileira. Avante Paraná! Que o futuro nos seja promissor.